É tudo caminho. Nunca se chega a lugar nenhum, por opção ou natureza humana. Nunca estamos satisfeitos.
E nesse trajeto, só sei mais de mim. Cada vez mais. A ponto de deixar acabar esse espaço.
Pois é, nessa parte do trajeto, hoje, dou fim.
in color.
quinta-feira, abril 19, 2012
sábado, outubro 22, 2011
Há alguns meses não sinto vontade de expressar nada que não para mim mesmo. Deve ser o excesso de palavras que sou obrigado a despejar diariamente, por sim e por não, para que aconteça o que me ocupa tanto. E, se é assim, muita coisa ficou pra trás. Esse, que era um diário não tão diário de lembranças pra qualquer momento a frente, assim, ficou perdido.
Acontece que, hoje, mesmo sabendo que não estou sozinho, há uma solidão insistente. Vontade de te ter aqui, do meu lado, quase que sendo eu, célula a célula em contato, esquentando os pés. Tão perto que poderia machucar, mas não. Simplesmente ocuparia esse vácuo que, na tua ausência, intacto e verdadeiro, me faz escrever.
É estranho escrever sem saber onde quero chegar, mas, de qualquer forma, fica um registro: estou feliz, sentindo falta, esperando os dias passarem, querendo mais.
Talvez, pela primeira vez, isso seja saudável.
Verdadeiro.
Bilateral.
E intenso, como deveria ser.
Acontece que, hoje, mesmo sabendo que não estou sozinho, há uma solidão insistente. Vontade de te ter aqui, do meu lado, quase que sendo eu, célula a célula em contato, esquentando os pés. Tão perto que poderia machucar, mas não. Simplesmente ocuparia esse vácuo que, na tua ausência, intacto e verdadeiro, me faz escrever.
É estranho escrever sem saber onde quero chegar, mas, de qualquer forma, fica um registro: estou feliz, sentindo falta, esperando os dias passarem, querendo mais.
Talvez, pela primeira vez, isso seja saudável.
Verdadeiro.
Bilateral.
E intenso, como deveria ser.
sexta-feira, abril 29, 2011
quinta-feira, abril 07, 2011
E chega o outono e ameniza. É essa sua função, ser ameno. Desempenha bem, podemos dizer, a tarefa atribuída, porém, acalma a quem?
Se o coração do menino parece teimar em bombear o sangue para que seus pensamentos recorrentes, insólitos e perdidos nesse passado não tão distante, continuem a existir e preencher com um vazio imenso a vida que ainda tem muito a correr?
Vazio esse, tão impalpável quanto o vazio pode ser, e que ocupa, em momentos calmos como esse, todo o ser que tenta, sem sucesso, se desfazer do que parece estar impregnado nos cabelos, unhas, olhos.
Sinapse coerente, de resultado esperado, não interrompida, inevitável.
Quem dera se, com escova, pano, água e sabão, tudo pudesse ser esfregado e escorresse pacificamente pelo ralo. Sem lutar.
Todas as células contaminadas com tua lembrança iriam para lugar tão distante quanto hoje estamos, e nessa distância, esquecidas, deixariam de viver em outro ser, tal qual parasita.
Hoje, tudo que precisa o menino é que esse vazio deixe de preencher.
A vida é mais do que isso?
Se o coração do menino parece teimar em bombear o sangue para que seus pensamentos recorrentes, insólitos e perdidos nesse passado não tão distante, continuem a existir e preencher com um vazio imenso a vida que ainda tem muito a correr?
Vazio esse, tão impalpável quanto o vazio pode ser, e que ocupa, em momentos calmos como esse, todo o ser que tenta, sem sucesso, se desfazer do que parece estar impregnado nos cabelos, unhas, olhos.
Sinapse coerente, de resultado esperado, não interrompida, inevitável.
Quem dera se, com escova, pano, água e sabão, tudo pudesse ser esfregado e escorresse pacificamente pelo ralo. Sem lutar.
Todas as células contaminadas com tua lembrança iriam para lugar tão distante quanto hoje estamos, e nessa distância, esquecidas, deixariam de viver em outro ser, tal qual parasita.
Hoje, tudo que precisa o menino é que esse vazio deixe de preencher.
A vida é mais do que isso?
domingo, fevereiro 20, 2011
domingo, janeiro 30, 2011
Não sou estudioso. Nem filósofo, nem antropólogo, nem historiador, nem sociológo. Muito menos psicólogo. Mas ultimamente tenho me permitido discorrer sobre o momento em que vivemos. Chamo de "Era do Vazio". Sinto que isso é tudo que nos preenche, essa ansiedade. Sentimento de incompleto. Essa volatilidade, vontade de luxo, logo depois, simplicidade. Vontade de ficar rico, e antes disso, defender o meio-ambiente. De viajar, mas sentado na frente do computador. Momento de opostos.
Ciclos curtos, quase que indefinidos, delimitando as vontades de toda uma massa de jovens, que, por acesso a muito informação, não sabe escolher.
Se confunde. Muda de ideologias, segue fielmente a estilos pasteurizados, mesmo que sob a máscara de buscar sua própria identidade. E nisso se esconde a moda, dizendo ser ferramenta de expressão, quando, na verdade, nada expressa, a não ser que hoje, para ser alguém do meio, são necessárias etiquetas. De comportamento, absurdas, e mais absurdas ainda, pregadas nas costuras.
É tudo tão perecível que é mais vazio do que conseguimos nos sentir. E sempre tem um "novo preto", uma nova "it-bag", um novo "shape do ano", uma nova "new face da temporada", tudo meio em inglês, meio em português, como manda o dicionário fashion, roubado e influenciado pelos nossos vizinhos ricos. Olhar pra dentro, do próprio país, continente, de si, ninguém olha. Mas Milão! Nossa! Milão! E nesses movimentos de novidades in-tensas, impensáveis e constantes, a bandeira da sustentabilidade trêmula (sim, com acento mesmo) falsa em todos os eventos e marcas... mas pra quê, então, uma bolsa nova por estação, sendo que essa sua pode muito bem durar mais uns... dois anos?
E é por tudo isso que somos tomados por aquela ânsia, vontade de fazer acontecer. Mas não nos permitimos perder tempo com isso, e esperamos um imediatismo que não existe, em nada, na vida. A não ser na informação, hoje, em tempo real.
Isso leva àquele sentimento de que para ser algo é preciso estar, constantemente, fazendo algo.
Errado.
O ócio é necessário, saudável.
É preciso entender e fortalecer o "self" antes de projetar o "eu".
É preciso, antes de mudar o mundo, aprender a conviver consigo mesmo.
Selecionar informação, escolher seus caminhos. Preencher os espaços.
Temos muito a aprender.
E, tudo indica, esse tempo de Vazio está só começando.
Ciclos curtos, quase que indefinidos, delimitando as vontades de toda uma massa de jovens, que, por acesso a muito informação, não sabe escolher.
Se confunde. Muda de ideologias, segue fielmente a estilos pasteurizados, mesmo que sob a máscara de buscar sua própria identidade. E nisso se esconde a moda, dizendo ser ferramenta de expressão, quando, na verdade, nada expressa, a não ser que hoje, para ser alguém do meio, são necessárias etiquetas. De comportamento, absurdas, e mais absurdas ainda, pregadas nas costuras.
É tudo tão perecível que é mais vazio do que conseguimos nos sentir. E sempre tem um "novo preto", uma nova "it-bag", um novo "shape do ano", uma nova "new face da temporada", tudo meio em inglês, meio em português, como manda o dicionário fashion, roubado e influenciado pelos nossos vizinhos ricos. Olhar pra dentro, do próprio país, continente, de si, ninguém olha. Mas Milão! Nossa! Milão! E nesses movimentos de novidades in-tensas, impensáveis e constantes, a bandeira da sustentabilidade trêmula (sim, com acento mesmo) falsa em todos os eventos e marcas... mas pra quê, então, uma bolsa nova por estação, sendo que essa sua pode muito bem durar mais uns... dois anos?
E é por tudo isso que somos tomados por aquela ânsia, vontade de fazer acontecer. Mas não nos permitimos perder tempo com isso, e esperamos um imediatismo que não existe, em nada, na vida. A não ser na informação, hoje, em tempo real.
Isso leva àquele sentimento de que para ser algo é preciso estar, constantemente, fazendo algo.
Errado.
O ócio é necessário, saudável.
É preciso entender e fortalecer o "self" antes de projetar o "eu".
É preciso, antes de mudar o mundo, aprender a conviver consigo mesmo.
Selecionar informação, escolher seus caminhos. Preencher os espaços.
Temos muito a aprender.
E, tudo indica, esse tempo de Vazio está só começando.
quinta-feira, janeiro 06, 2011
É verão, tudo se faz cor e quente, escorre por entre os dedos. Areia áspera, morna, remexida com os pés. Se falam coisas que antes não seriam ditas, se fazem fotos de momentos que poderiam nunca acabar, porém
na memória continuam outros verões,
e é feliz perceber que se vive esse, tão macio quanto aquele mamão.
E tem esse menino, que nunca ouvi. Só vi, através de seus olhos, nas fotos que ele fez, e que me faz pensar como pode alguém assim existir.
Tão longe, desconhecido, e parte de mim.
Não, não é paixão.
É admiração.
A paixão reservo para o que posso tocar, hoje. Felizmente, isso aprendi.
E no verão, a pele quente, é o toque que se faz presente.
na memória continuam outros verões,
e é feliz perceber que se vive esse, tão macio quanto aquele mamão.
E tem esse menino, que nunca ouvi. Só vi, através de seus olhos, nas fotos que ele fez, e que me faz pensar como pode alguém assim existir.
Tão longe, desconhecido, e parte de mim.
Não, não é paixão.
É admiração.
A paixão reservo para o que posso tocar, hoje. Felizmente, isso aprendi.
E no verão, a pele quente, é o toque que se faz presente.
segunda-feira, dezembro 27, 2010
Ando suscetível. Qualquer coisa me faz mudar de humor.
Tédio.
Me lembrei então de uma idéia que tive, muito tempo atrás, de, para comemorar o seu aniversário, além do presente, é claro, escrever teu nome em várias partes do meu corpo, tal qual peça de açougue (isso não tinha me ocorrido na época, apaixonado). Demonstrar que eu podia ser teu, se você quisesse. Inteiro, ou em pedaços. Este maldito hábito de ver tudo em pedaços, tal qual a teoria dos cacos.
No fim, tal aniversário chegou, mas estávamos em camas separadas. A idéia por si só se fez esquecer, tanta coisa eu pensava menos em me dar aos pedaços. E hoje, muitos meses depois, lembrei disso.
Queria entender porquê.
Mas entendo, que, felizmente, isso não aconteceu. Absurdo pensar que esses pedaços pudessem ser de alguém que não eu. Dono de meu peito, braço, perna, mão.
Nunca eu soube se você mereceria ou não. Provou não merecer, pelo menos naquele momento. E tudo indica, não merecer, indefinidamente. Hoje sobrou uma estátua tua, gelada, na gaveta. Arrepios só de pensar em mover dali. Vontade de esquecê-la ali dentro, cada vez mais quase mais perto do coração selvagem.
Queria viver esse amor, mas não tenho estômago para os tempos de cólera.
E que venham, então, esses cem anos de solidão.
Pelo menos, para passar por eles, tenho todas as minhas partes comigo.
Inclusive coração.
Falta força pra enxergar que não é preciso esperar passar. Já passou.
Só eu não tinha percebido, ainda.
Até agora.
(queria eu saber quem é o eu pra quem tantas palavras direciono)
domingo, dezembro 12, 2010
Na melancolia de um domingo quente, pergunto-me se, por acaso, estamos tentando ver as coisas mudarem. É o zeitgeist, essa sensação de ser incompleto, essa ansiedade por ser algo, inteiro, completo e preenchido.
Mas acredito, poucos sabem pelo quê.
E daí temos a tentativa de um mundo mais humano, mas feliz, até. Um mundo que gire mais lentamente, que possamos acompanhar e desenvolver. Um mundo onde importe mais o crescer, e menos o que se é. O que se é, sim, tão passageiro. Olhar para a frente e enxergar um ponto claro, e não a incerteza que reside nessa velocidade absurda em que tudo passa e, sim, inutiliza aqueles que tentam entender.
O que falta, então?
Sutileza?
Sutileza.
quinta-feira, novembro 18, 2010
Esfregava os olhos com tanta força que parecia querer afundá-los. Mas não, só cansaço. Sabia tudo que o esperava, e isto tornava mais doloroso sair da cama.
Agravante, chovia.
Sentia cada músculo do corpo retesado, faz frio. No verão, mas faz frio.
Se sentiu vivo, então.
Gelado, cansado, em um dia chuvoso.
E vivo.
Mais vivo.
Pelo visto daqueles pedaços arrancados, há meses atrás, nenhuma cicatriz ficou.
Estão preenchidos.
Mas, de quê?
Agravante, chovia.
Sentia cada músculo do corpo retesado, faz frio. No verão, mas faz frio.
Se sentiu vivo, então.
Gelado, cansado, em um dia chuvoso.
E vivo.
Mais vivo.
Pelo visto daqueles pedaços arrancados, há meses atrás, nenhuma cicatriz ficou.
Estão preenchidos.
Mas, de quê?
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