Em qual grande livro está escrito que precisamos aprender a ter paciência? Quem convencionou isso como virtude? Eu gosto dos imediatistas, radicais, aqueles que querem tanto e tanto que querem agora, e tentam fazer tudo ser mais rápido, mais intenso, menos inerte e talvez mais vivo.
Quem disse que preciso aprender a esperar? Para os criativos a espera significa sofrimento, angustia, pois enquanto os minutos passam sem que nada aconteça, a mente voa, cria, recria e transforma. E nesses momentos tudo pode ser, ao passo que nada é, pois fisicamente o mundo parece parado.
Estático. Quase sem girar ou translar.
Porém, quem espera, caso não tenha o sagrado dom de saber fazê-lo gira incessantemente em torno de si próprio, sem egoísmo ou egocentrismo, mas sim cheio de cansaço e inquietação.
Sendo assim, fica mais fácil entender porque tantas e tantas vezes quis ver meu coração parado por instantes, instantes estes tão monotonos e decisivos. A dúvida é a benção do masoquista. E nesse ritmo tão indolente, incoerente e talvez inconstante, o coração segue ritmado, saudavel e inquieto. E os olhos olham pra dentro e além, além do que se vê. Além até do que pode ser.
E é nesse além que me perco. Nesse além em que podes estar com outro, neste além em que podes não quever me ouvir. Neste além em que podes ser exatamente o que eu não quero que você seja. Neste além que eu mesmo criei, me divirto em pensar o quanto pode ser dificil ter que ser alguém que espero que você seja. E entenderia a hesitação, caso assim fosse. Mas não é. Pois nesse além também repousam certezas.
Como a certeza que tenho de talvez não ser quem você quer que eu seja.
Está frio, preciso me cobrir. Me enrolar. Num casulo onde talvez me sinta melhor. Pelo menos os olhos fechados olhando pra dentro de um vazio que talvez, talvez, amanhã me revele um sonho bom.
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