segunda-feira, novembro 27, 2006

Ao som de Adriana Calcanhotto, Uns Versos;

Dia daqueles onde tudo muda muda e fica no lugar. Não sei o que é melhor para mim. Meu corte de cabelo não foi o que eu queria... Não me deixaram raspar. Me livrar. Enfim...
E tudo que sai do lugar fica no lugar e nada acontece. Sabe? E chove, chove tanto... Tanto que tenho que caminhar com os pés imersos dentro do tênis allstar rasgado. Quero um novo, ou não.
E tudo molhado chega em casa, e tudo seco espera. E sentar-se parece dificil quando só se fica de pé.
Tem coisas que se valoriza pouco quando não se sabe como podem fazer falta. O seco, por exemplo.

Queria agora ter segurança para um passo firme.
Mas não. Não tenho.

Melhor tentar esperar.

terça-feira, novembro 21, 2006

Ao som de Devendra Banhart, "Little Boys".

Suspiro. Pronto, inflam-se os pulmões de ar. Vida nova a cada segundo. É incrível a capacidade que o cotidiano tem de renovar as energias, mesmo quando tudo está parado exatamente em seu lugar.
Encontros ocasionais que fazem os dias serem mais vivos... conversas jogando palavras fora. Como pode alguém se privar disso? Do que faz a vida ser vida e não uma mecânica ação de tentativa de sobrevivência? Cada passo dado segue um rumo determinado pela razão de tal forma que foge da compreensão.
Venta tanto que os pelos se arrepiam. A roupa na máquina faz barulhos que me fazem pensar a cada minuto que algo está caindo... as vezes chuva, as vezes pratos, as vezes folhas...
Devendra Banhart faz tudo soar familiar. Sabe quando você se sente acolhido estando sozinho, e com o pensamento longe, perdido? Sabe? Isso é o retrato da melancolia que todos vivemos.

Tanta gente ao redor, correndo, olhos no chão ou no céu... e todos tão solitários. E mesmo junto, sozinhos. A selva de pedra. Hahahahahahahaha. Clichê péssimo, eu sei, mas as vezes cabe. E adoro clichês. E ser sozinho é um deles. Saibam, porém, que não desdenho as companhias que tenho. Apenas afirmo que elas fazem da vida vida, mesmo quando nos sentimos sozinhos. E são elas que fazem com que sejamos felizes, mesmo quando parece que ninguém está aí.
Referências.

E neste instante sinto falta da minha mãe. Coloquei-a para ler estes textos agora, e queria ver seus olhos para entender o que ela entende.
E sinto falta de alguém que nem sei se existe.
E sinto falta de tanta, tanta coisa que me sinto em falta.

E é assim que encontro todos os dias um motivo para acordar.
Me sinto preso numa sequencia ininterrupta de repetições. Não, não consigo evitar. Uma paixão nova por semana, uma festa por semana, um problema novo por semana, uma folga por semana... não consigo prever, nem me concentrar. Enfim, é assim.
O fim de semana foi gostoso. Rever e ver pessoas, sempre é bom. Matar saudades. Mas voltar e encontrar tudo como tinha sido deixado, apenas dias mais velho, é um saco. Bate até uma melancolia adicional. E isso me dá muita vontade de fazer tudo mudar.
Ainda não é hora, aprendi a esperar...

Nunca pensei em querer tanto o sol. Chega de chuva aqui. No sudeste hoje fez solão. Se eu morasse em SP não teria tido um dia tão cinza. E quem vê acredita: fiquei o dia todo enfurnado no shopping. Rá. De nada adiantaria o sol.
Mas quem disse que o sol necessariamente precisa ser aquele no qual o planeta descreve sua órbita? Quem sabe seja apenas o ponto luminoso que indica o caminho, a luz no fim do túnel.

Paciência, só mais um pouco. Depois deste dezembro-massacre, espero que tudo se organize.
Inclusive o que mais incomoda.

sábado, novembro 18, 2006

Uma mulher com um lenço na cabeça, pronto.
O mundo se põe a girar... quantas estrelas será que deixei passar?
Tudo que é relativo passa a dizer respeito a mim, e assim me perco por entre divagações minhas sobre o que nem me diz respeito.
Mas envolve. E sempre me envolvo. E assim segue, amarradas as mãos numa teia que nem cheguei a tocar. Algumas centenas de gotas geladas e o cabelo já não para em pé. Passos apressados pelo caminho conhecido. Pedras na sola do tênis não mais sujo. Agua pra lavar os pecados não cometidos e saciar a sede das palavras não ditas.
E tudo no fim escorre esgoto abaixo. Junta-se aos restos de tudo que um dia foi inteiro.
Se é que integridade ainda resta quando se fala de vida. Se respirar é o que nos faz morrer, sugiro que seguremos o folego sempre que possivel.
E nada de arfar.

Pressa, pressa, peça. Peça calma por favor. Cansei de correr, correr. Quem corre e não sai do lugar é hamster. Sabe? Naquelas rodinhas coloridas em gaiolas de dois andares. E qualquer semelhança talvez não seja mera coincidência.
Saudade destroi. Me lembra do que quero esquecer. E também do que quero lembrar.
Um dia aquela foto, minha preferida, ainda para aqui. Talvez. Mas falta coragem. Ainda bem que covardia nem sempre é defeito, senão eu já teria puxado o gatilho.

Quantas lágrimas seriam derramadas?

E quando essa chuva parar, que estas duvidas desapareçam. Seria tão bom. Mas não. São companhias que fazem bem e mal. Que fazem. Pra que tantos pontos de interrogação. Quero ser ignorante. Será que é dificil? Bem, eu já parei de ver jornais. E novelas também. Assim, na fila do pão, quando comentam que fulano de tal morreu, muitas vezes acho que é na novela. E não é. E vice-versa. No verso.

Queria ter escrito um hai-kai. Escrevi um texto. Exageros a parte, sei exagerar muito bem. E simplificar também. Só falta saber quando um ou outro deve ser feito.
Saber? Pra quê?

Oras, não me interessa mais o que fez, quem fez, e os porquês de ter feito. Nem quem pensou. Nem quem disse. Me interessa o que sei de mim. E é tão pouco que nada tem me interessado. Acho que estou desinteressante.

Sangrei tanto que cheguei a ficar roxo. Agora estou amarelinho novamente. Quem sabe precise de sol, quem sabe.
Por enquanto, a chuva me basta. E toda luz branca que recebo na cara acompanhada de ar condicionado faz o dia parecer mais ameno. Calor pra quê? Humano?
Genética me encanta, sabia? Mas todo mundo enruga-se um dia. O físico é tão efemero.

Talvez seja por isso que o essencial é invisivel aos olhos.
E os cegos talvez sejam bem mais felizes...

quinta-feira, novembro 09, 2006

Que dera soubesse deonde veio e para onde vai.
Esse sentimento não pertence mais a esses olhos.
Onde encontrara tal fixação?
Essa mania toda de estar sempre querendo ser feliz?

E amar, para quê?
Quem disse que recompensas teria?
Ora, respostas assim são tão fáceis mas tão dificeis de se ter.

Quem sabe um dia, ao acordar, perceba um dia sem sol porém repleto de luz,
E saia sem oculos para proteger as retinas,
nem all star para proteger os pés.
E molhe a sola na grama de orvalho,
e caiam as flores e folhas sobre o cabelo,
e faça tudo ao redor girar,
e faça a vida seguir
e o coração parar.

Quem sabe, assim, descanse em paz.
Mas não. Para se descansar, cansado se deve estar.

E olhar pela janela todos os dias dá uma vontade imensa de voar.

terça-feira, novembro 07, 2006

Cretinices

Do que você sabe? De nada, eu garanto.
Agradeça.
Sou grato por não saber.
Sou grato.

De que você se lembra? De pouco, eu sei.
E não sei de nada.
E agradeço não saber.
Agradeço.

Faz parte perder pedaços.
E de quais você sente falta?
Nenhum, esteja ciente.
Nenhum.

Os indispensaveis sempre estão aonde cola e mão alcançam.


Sabor de língua, pele salgada, suor?
Pra quê? Tudo isso se tem quando se quer.

O que falta é olhar. Olhar. Olhar. Olhar.
Quem sabe no espelho eu veja um olhar de conforto.
Ou desafio.
Desatino.
Desato.

Os nós que me prendem a sentir o que sinto e saber o que sei e ser o que sou.

E afinal, és o que realmente és?

quarta-feira, novembro 01, 2006

Escada

Uma pergunta me afligiu agora mesmo, quando estava deitado no sofá, quase cochilando: Por que eu nunca comprei uma escada?

Já precisei de uma várias vezes, agora mesmo preciso, mas nunca comprei uma. E não tenho nenhuma lembrança de ter ido junto de alguém comprar uma escada. Parece-me, no entanto, que elas existem em todos os lugares.

Sendo assim, estariam elas presentes em todos os lugares?


Não. Caso contrário eu teria uma aqui, agora.
Quanta besteira.