sábado, abril 29, 2006

anseio

I

quero ter essa dor, que talvez um dia passe
amanhã.
quero saber o que se passa hoje
ontem.
e quero sentir o que penso
sempre.

talvez se tua voz fosse mais áspera
e tuas mãos mais distantes
e teus olhos tivessem sempre a mesma cor
e tuas costas fossem só tuas
eu não sentisse nada

prozac; fluoxetina. ritalina.
agito-me acalmo-me
mas o pensamento corre solto
e em tua direção

por que você não some?
(porque sou eu que quero sumir?)
porque você não volta?
(porque sou eu que quero ir?)

chega de perguntas.
agora quero Respostas.




II

quem um dia disse que há Respostas?
tolo.
quem um dia encontrará a verdade?
mais tolo.

nessas frases sem ponto
e nesse contexto sem rima
e nesse meio tempo sem segundos
espero.

e tudo bem, são anseios só meus
e de mais ninguém
um palco todo só pra mim
sem luz, sem som, sem chão.

e sem platéia.


mas quem precisa de aplausos?



para T.O.

sexta-feira, abril 28, 2006

tolices

Ele fecha os olhos, quer apenas dormir. A poesia não serviu, não encaixou-se no pensamento. E quem disse que ele quer poesia?

"Quem sabe eu seja realmente um idiota", ele pensa.
Talvez seja. Em alguns momentos tem desejado explodir, ter uma roda de onibus sobre a cabeça, ter um buraco sob os pés, uma lâmina, uma pílula.

É disso que ele precisa? Não. Ele bem sabe. Está apenas cansado, está apenas confuso.
Olhar pela janela ao amanhecer quase cega. Ele pensa que as vezes queria ser cego para poder não ver. E assim, o coração não sentiria. Mentiras populares.

Um banho quente.
Um café quente.
Um dia frio, mais um.

Quem sabe esse descompasso no peito seja um coração doente.

E todas, todas as tuas referências que me fazem lembrar que você está "meio namorandinho" me fazem sentir nojo.

De mim mesmo.

Sim, ele sou eu. E quem nunca soube, além de mim mesmo?
Proximidade que machuca, distância que dói, desinteresse bobo.
Dependo de tua respiração para inflar os pulmões? NÃO!

Queria estar livre de ti, mas não estou.
Queria que você voltasse, mas você ainda não voltou.

E quem sabe nunca volte, e quem sabe eu nunca quis, e quem sabe tudo isso não passe de tolice.
E, por fim, quem sabe essas palavras nem sejam minhas.
É mais fácil serem tuas, serem de qualquer um, menos minhas.

Hoje, neste momento, sinto não possuir nada. E mesmo sabendo que palavras não tem dono, é como se não fossem nem ao menos conhecidas.
Assim como o coração.
O meu foi teu, e agora é de ninguém.

quinta-feira, abril 27, 2006

de isopor

"Tudo o que vejo é inconsistente
E nada aprendo, tudo se desmente
Nada do mundo, desde o começo
Eu não conheço, eu não entendo
Vou querer tomar veneno
Vou querer dissimular
Vou ter crise de comportamento
Vou sorrir querendo chorar
A música é feita de sons
E os sons são feitos de ar
E agora que a banda passou
N a d a v a i f i c a r "



(nada de "pára esse carro sobre a minha cabeça" ou de "eu quero que um buraco me engula" e muito menos de "a ponte talvez seja alta o suficiente", a solução é mais simples que tudo isso: deixe de ser bobo).

quarta-feira, abril 26, 2006

"Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo o entendimento"
Clarice Lispector





sempre quis uma foto de nariz de palhaço.
semana de imagens. preguiça de escrever e confusão mental.

segunda-feira, abril 24, 2006



(how cute)

sexta-feira, abril 21, 2006


Nada é menos poético do que uma lágrima molhar o teclado
Essa nem borrão causa.

Morte Prematura

Para ele a vida se mede em minutos, o que pode tornar cada momento um momento pra sempre, e cada momento um momento que seja um quase nunca. E tudo assim se repete, repete repete e repete. Rompendo assim o tempo dele, o tempo dos outros, um tempo não mais absoluto.
Ele se foi mas o coração ficou. E ficou batendo. E apesar de toda a hipocrisia, que ele nega enxergar, porque acredita no que homem pode ter de bom, ele ainda acredita. E ah, sim, se ele pudesse, ele seria como todos os outros. Mas é tão dificil negar essa doçura. Doçura essa que chega a enjoar, causar ânsias. Ele não quer ser doce, gentil. Ele simplesmente é, e sem querer acaba se cansando disso. E cansar de si mesmo é tão dificil.
Por alguns momentos, ele queria que um buraco se abrisse, seus pés perdessem o chão e ele sumisse. Por algumas horas, meses, ou talvez os minutos. Morrer por alguns instantes, sabe como é? E torcer pra poder voltar, ou simplesmente ficar.
Mas isso seria tão fácil como fugir com as pernas, ou pensamento. Teimosia essa, de tentar resolver as coisas. As suas coisas. E de mais ninguém.
E enquanto as pessoas ao redor dançam, gritam, pulam e mexem histericamente os braços, ele leva o cigarro a boca e só consegue ver a luz que pisca e ofusca.
E é essa mistura de sentimentos que causa esse tremendo vazio, essa tremenda irritação. Estar descontente com tanta coisa, e estar se sentindo impotente para com isso tudo causa um certo estado de dormência que ele não pode suportar. Quer abrir os olhos, acordar e novamente lavar do rosto tudo isso. Mas não, não dessa vez.
Escuta. Fala. Canta.
E por fim desiste e tenta novamente dormir, esperando que amanhã as coisas estejam em seu lugar, e estarão sim. Ele sempre passa por isso, sempre. Quem sabe seja a hora de tentar diferente.
Ele não pode pedir desculpas por não preencher todo o espaço que lhe cabe.
Ele não pode pedir desculpas por não ser tudo o que esperam que ele seja.

Ele só pode, mais uma vez, rir e dizer as besteiras que sempre fala.
E entender, mais uma vez, compreender tudo. Mesmo quando, no fundo, ele sabe que não é bem assim.
Por que nunca é.

Desculpas, ele pede a si mesmo, por não poder, nesse momento, tornar todas as palavras uma poesia. E, mais uma vez, mesmo na prosa, ele encontra o poema. Poema que não é em si poesia, mas quase satisfaz.
E mais uma vez, nesse quase, ele sente-se um pouco melhor.
Tira os fones que abafam o som, e decide dormir.


E antes de deitar, sente como se todos os comodos da casa estivessem contidos no teto do quarto. E sente como se toda a cidade ali estivesse.
E sente que apesar de tudo isso, ele ainda está sozinho, andando sobre os próprios pés.
Que bom.

quinta-feira, abril 20, 2006

Ciclos

A vida se repete em ciclos, pensa o menino que ainda não sabe o porquê de gostar tanto de pessoas.




Certos sentimentos são tão nossos que qualquer frase do tipo "sei o que você está sentindo" soa tão invasiva quanto qualquer palavra mal dita. Por isso, muitas vezes é bom calar, outras tantas é bom falar, e mais outras é bom ouvir.

Que pena não poder controlar sentimentos alheios, mas que bom que os dele também ninguém pode controlar. E que bom que cada um entende os seus, e que nem todo mundo entende o que se passa.

Ele entende, pode saber. Pelo menos dessa vez, ele entende. E ele está bem, tenha certeza. E mesmo que não estivesse, ele nunca diria.

E por isso tudo, não diz que há pessoas vazias, mas sim pessoas menos cheias. Menos cheias de nada.

terça-feira, abril 18, 2006

And all that Jazz...

Um som diferente embala os pensamentos dele e daqueles que o cercam...
Fluindo pelas portas, janelas, sem rumo e sem escolher destino, essas notas tornam tudo tão mais tranquilo que ninguém se atreve a tocar no aparelho.
Todas as lembranças atreladas fazem os olhos distantes e nublados, forçam pequenos sorrisos de canto de lábio, e vez ou outra, um riso contido.
De que adianta prestar atenção nas vozes e saxofones se a mente concentra-se em lugares alheios?
A música servindo como meio de transporte para pensamentos livres, e o conforto de saber que esses pensamentos são teus, mesmo que longe de ti.

Referências, referências, tuas, dele, minhas... referências que tornam meu dia respingado.

E esse frio que faz com que ele sinta-se aconchegado, em casa, e feliz.

segunda-feira, abril 17, 2006


"riso descontrolado gostoso causado por múltiplos efeitos, inclusive amizade... e hoje várias boas novas quase causaram riso tamanho..."

Segundos

Não são somente duas horas e meia.
São cento e cinquenta minutos.
E não são somente cento e cinquenta minutos.
São nove mil segundos.

E ele não está querendo esperar nove mil segundos hoje.
Não, não mesmo.

sábado, abril 15, 2006

Um dia preguiçoso para ele...
Sente um leve frio nos pés, e resolve ficar em casa.
Talvez devesse ter ido ver os amigos, talvez. Mas não hoje, hoje ele preferiu ficar em casa.
Estirado no colchão, pensando em tudo que aconteceu nessas últimas 48h.
Ele sabe, agora, que realmente está com a cabeça em outro lugar.

Longe, em outro lugar, e em outro dia.
E é só.

quarta-feira, abril 12, 2006

Semana

Toda semana é igual, ele pensa.
Um gole de cerveja.

Agora sua rotina tem pequenas alterações, e isto faz sentir melhor.
Sente um dia mais longo, mais sol na pele, e mais vida. Mas também sente falta daquele sono descompromissado. De qualquer forma, essa semana tem mostrado ausência e falta.
Sim, falta de muita coisa. Pelo menos, ele sente-se mais confortável em casa, e aproveita cada momento em que pode esticar as pernas no sofá, e olha pela janela. Sente-se mais feliz em não tomar café, e em fumar mais do que devia.
Pensa, então, em quanta coisa perdeu nesse tempo todo de sono/trabalho/casa/trabalho.
Perdeu sim, perdeu a noção da importância das pequenas coisas que fazem de uma casa um lar, e de um amigo um irmão.
É, a vida não tem pausas. E não podemos deixar os segundo escorrerem.
Nesta quarta-feira ele pensa apenas na semana que vem. Essa semana não tem prometido nada, essa semana não tem porque existir. Ele quer aproveitar a viagem, ele quer aproveitar as pessoas.
E essa semana está sendo muito vazia.
Sim, talvez seja exagero, mas de qualquer forma, o coração não é como um copo-medida. Simplesmente esvazia-se e enche-se, tão rápido quanto qualquer recipiente, só que menos cabidamente. Coração descabido? Sim, todos temos um. Enche-se de sangue como se fosse sentimento algum, bombeia para longe e novamente, por milésimos de segundo, está vazio.
Isso significa que passa a maior parte do tempo cheio?
Sim, pelo menos o dele.
E isso dá vida, e isso enrubesce a face, e isso faz ele ter vontade de gritar junto com o fim da música de trilha de filme que escuta enquanto escreve.
Quão gostoso é aquele sol que aquece o corpo, faz os pelos arrepiarem e os olhos diminuírem, até quase perderem o verde. Ah, o verde dos olhos, que reflete o verde da grama, que por sua vez molha os pés.
Tudo, neste sistema, reflete algo. E o ser humano insiste em refletir coisas que talvez nunca vão existir.
Pensar é um ato, agir é um fato, disse titia Clarice. Amém.

Hoje ele não exita mais. Simplesmente dá vazão aos sentimentos, seja pela escrita, pela voz ou pelas mãos. E, certamente, se ele soubesse o quanto é gostoso e reconfortante, teria começado a sorrir antes.


Para J.P.D, L.P.J.D, C.C, T.O.
"Todo fumante é um pouco piromaníaco" ele pensa.
Que mania é essa de pensar nessas coisas. Não é mais fácil simplesmente parar na frente dessa telinha RGB e somente digitar, digitar, digitar?

Seria sim, mas enfim...
Tem simpatizado com esses pensamentos simples, conclusivos... tem gostado muito de ilhas, e tem gostado muito de si mesmo.

E ainda fuma, mesmo não se considerando piromaníaco.
Parar de fumar por isso seria o mesmo que parar de sorrir por estar querendo.

segunda-feira, abril 10, 2006

Panis et Circensis

Ele apenas não pensa em escrever hoje.
Quer se reservar ao direito de calar.
E por isso canta, o que ouve há dias, sem parar, e tem feito tão bem.

"Eu quis cantar uma canção iluminada de sol Soltei os panos sobre os mastros no ar Soltei os tigres e os leões nos quintais Mas as pessoas na sala de jantar São ocupadas em nascer e morrer Mandei fazer de puro aço luminoso um punhal Para matar o meu amor e matei Às cinco horas na avenida central Mas as pessoas da sala de jantar São ocupadas em nascer e morrer Mandei plantar folhas de sonhos no jardim do solar As folhas sabem procurar pelo sol E as raízes procurar, procurar Mas as pessoas da sala de jantar Essas pessoas da sala de jantar Mas as pessoas da sala de jantar..."

Assim mesmo, sem compasso.
Assim mesmo, sem música.
Assim mesmo, sem companhia.
Assim mesmo, esperando.

Assim mesmo.
Assim assado.
Sendo assim, dá por terminado esse post.

E mal pode esperar pelo dia que vem.

Sometimes my Heart is an Island




sábado, abril 08, 2006

Momento

Um dia para entrar na história.
E ele não quer registros escritos.

Ele quer apenas guardar todas as sensações.
E companhias.

(Você já foi assim pra sempre pelo menos por um dia?)

quinta-feira, abril 06, 2006

Alheias

Ele nem sabe ao certo o que quer. Mas tem entendido, e esperado por ele mesmo. Pode ser visto em seus olhos distantes, sua certa desconcentração contente. Ele começa a entender como funciona.
Pequenas coisas tem tornado seus momentos agradáveis. Sim, coisas que ele faz pelos outros, ou que recebe em troca. Tem visto que o essencial é invisível aos olhos. E sim, deixou de fechá-los por medo ou por insegurança. Talvez ingenuidade.
Ele pensa como é bom, as vezes, ter apenas dezenove anos. E nessa dezenovice, sente-se acolhido, pois ainda pode errar muito.
Mesmo nesses dias nublados, onde poderia fazer mais frio, sente um calor agradável. Não que goste de calor, mas gosta de carinho.
Aqueles impetos loucos que tinha, sumiram. Seria sinal de quietude? Não, deveras não. Talvez um pouco mais maduro, ele aceite pensar.
Quer ele, fotografar mais um par de olhos, ou fotografar mais um par de rostos? Quer ele sentir o beijo de bom dia/boa noite? Quer ele sentir-se mais leve e seguro?
Ele está no caminho, acreditem. Ele tem lido sobre si em palavras alheias, e tem visto que é compreensível. E isso o conforta de tal forma que o faz escrever.
Escrever estas palavras.
E assim, decide acender o ultimo cigarro dessa noite, antes de deitar e tentar sonhar o que pode acontecer.


Essa segurança vem de algum lugar que sabe que independentemente do que pode acontecer, o resultado sempre será positivo.

quarta-feira, abril 05, 2006

terça-feira, abril 04, 2006

Instruções para Chorar

"Deixando de lado os motivos, atenhamo-nos à maneira correta de chorar, entendendo por isto um choro que não penetre no escândalo, que não insulte o sorriso com sua semelhança desajeitada e paralela. O choro médio ou comum consiste numa contração geral do rosto e um som espasmódico acompanhado de lágrimas e muco, este no fim, pois o choro acaba no momento em que a gente se assoa energicamente."

Cortázar

(precisei postar exatamente agora)

segunda-feira, abril 03, 2006

Retina

Plenitude e simplicidade, ele encontrou alguns momentos. Até chegou a pensar que seu ano começou verdadeiramente depois de quase três meses da data oficial.
Engraçado, pensa, em como nos impedimos de viver momentos simples, em lugares simples, e que podem ser tão compensadores. Por quê? Pela rotina, pela preguiça ou pelo medo?
De qualquer forma, ele tem fugido de todos esses fatores. Tem feito coisas que não faria, e sentido confiança para falar coisas que normalmente não falaria. E isso tem trazido uma paz antes desconhecida.
Olhando para o mar, pensando na vida, e falando sobre o que pensa, ele encontra alguém para ouvir,
e para falar.
Ele queria ouvir sim, apesar de falar muito de si, quer falar sobre si falando de outros.




"olhos de gato ladrão do principado dos repolhos"

para T. O.

sábado, abril 01, 2006

Maldito Graham Bell

Ah, telefones! Ele detesta telefones.
Como pode existir aparelho tão confuso, que irrite e alivie em questão de segundos?
Perdeu o fio da meada. Não é em si o telefone, mas as pessoas.
De qualquer forma, foi bom ele não ter tocado hoje, e foi bom ele ter ligado.

Não queria ouvir desculpas, mas queria ouvir que está tudo bem.
E está.

Simples como foi, só poderia estar.

Ausência...

Ele chega no horário que queria. Observa tudo ao redor, sente-se só, apesar da presença de todas as mesmas pessoas de sempre. Sente-se aliviado por ter tirado a camisa de pic-nic. Também o faz sentir melhor o fato de não ter feito a barba.
Lembra-se de uma foto que não deu certo, e pensa em como as lentes não captam a alma. Não, as lentes espelham o ser simples.
Os olhos lacrimejam, talvez seja a fumaça. Ele espera até que não mais quer esperar. Suas pernas movimentam-se exageradamente.
E, mesmo depois da presença confirmada, sente-se só. Sente a ausência. De nada adianta poder ver e tocar quando a distância está além da física. De nada adianta, pensa. E isso pesa. E isso dói.
Mas foi-se o tempo em que isso o deixaria triste. Hoje, ele vive um dia de cada vez. E, mesmo depois da ausência tão dolorida (pois tudo que ele queria era a presença), ele pensa que amanhã as coisas serão diferentes, e melhores.
E assim, acalma-se. E novamente, cogita a possibilidade de tomar uma cerveja e fumar um marlboro (os luckies tinham acabado). O faz, e vai.