segunda-feira, dezembro 27, 2010

Ando suscetível. Qualquer coisa me faz mudar de humor.
Tédio.

Me lembrei então de uma idéia que tive, muito tempo atrás, de, para comemorar o seu aniversário, além do presente, é claro, escrever teu nome em várias partes do meu corpo, tal qual peça de açougue (isso não tinha me ocorrido na época, apaixonado). Demonstrar que eu podia ser teu, se você quisesse. Inteiro, ou em pedaços. Este maldito hábito de ver tudo em pedaços, tal qual a teoria dos cacos.
No fim, tal aniversário chegou, mas estávamos em camas separadas. A idéia por si só se fez esquecer, tanta coisa eu pensava menos em me dar aos pedaços. E hoje, muitos meses depois, lembrei disso.
Queria entender porquê.

Mas entendo, que, felizmente, isso não aconteceu. Absurdo pensar que esses pedaços pudessem ser de alguém que não eu. Dono de meu peito, braço, perna, mão.
Nunca eu soube se você mereceria ou não. Provou não merecer, pelo menos naquele momento. E tudo indica, não merecer, indefinidamente. Hoje sobrou uma estátua tua, gelada, na gaveta. Arrepios só de pensar em mover dali. Vontade de esquecê-la ali dentro, cada vez mais quase mais perto do coração selvagem.
Queria viver esse amor, mas não tenho estômago para os tempos de cólera.
E que venham, então, esses cem anos de solidão.

Pelo menos, para passar por eles, tenho todas as minhas partes comigo.
Inclusive coração.

Falta força pra enxergar que não é preciso esperar passar. Já passou.
Só eu não tinha percebido, ainda.
Até agora.

(queria eu saber quem é o eu pra quem tantas palavras direciono)

domingo, dezembro 12, 2010

Na melancolia de um domingo quente, pergunto-me se, por acaso, estamos tentando ver as coisas mudarem. É o zeitgeist, essa sensação de ser incompleto, essa ansiedade por ser algo, inteiro, completo e preenchido.
Mas acredito, poucos sabem pelo quê.
E daí temos a tentativa de um mundo mais humano, mas feliz, até. Um mundo que gire mais lentamente, que possamos acompanhar e desenvolver. Um mundo onde importe mais o crescer, e menos o que se é. O que se é, sim, tão passageiro. Olhar para a frente e enxergar um ponto claro, e não a incerteza que reside nessa velocidade absurda em que tudo passa e, sim, inutiliza aqueles que tentam entender.

O que falta, então?

Sutileza?
Sutileza.