sábado, julho 14, 2007

Alto.

Quando me sinto assim, alto, me sinto assim, e cada vez mais alto voo. Minhas narinas não aguentam mais. Respirar todos os dias o mesmo ar é como sufocar-se em rotina, e de rotineiras já chegam minhas ações e sorrisos. Cada vez mais voo longe, longe de tudo que sinto e sinto que cada vez mais longe estou de mim.

Me propus a escrever-te emails, daqueles que dizem tudo de mim... e nunca cumpri com a promessa a mim mesmo proposta. Me ver no espelho já o bastante, mas ver por dentro, por entre pele, gordura, célula e átomo já é demais. Me lembro do dia em que fumava um cigarro, semi-surdo, maldito avião... e você vinha, vinha em minha direção, meio incerto. E era você mesmo, eu soube. Meus olhos brilharam. E era eu, e quanto aos teus olhos não sei. Só sei que o suéter estava sob medida, e o sorriso e a voz existiam fora da imaginação, agora.
Cada vez que respiro dói. Talvez seja hora de segurar a respiração... assim, com as duas mãos... cobrindo a boca que já teve lábios que deveriam até agora nela estar, diz o subconsciente desperto pelas sensações de agora.
Minhas gengivas desprendem dentes. Mordo os ossos, tento extrair tudo que posso desse resto de ti da refeição malfeita da presença ausente do beijo inexistente do perfume não esquecido (ainda sinto teu cheiro, algumas vezes, dentro do onibus ou em qualquer lugar. Por que você não desaparece por completo? Pergunta com resposta óbvia, porém pergunta que me faço toda vez que penso em Glacial, avião e coisas assim, desconexas e com sentido).

Ver cidades de cima é complexo. Todos os movimentos de pessoas desconhecidas que seguem o mesmo rumo que talvez eu seguiria, e carros e pessoas e prédios talvez tão pequenos ou mais pequenos que minha própria pequenez. E tudo seguindo um rumo tão próprio como as desordenadas batidas de meu coração neste exato momento.

Declare independence, don't let them do that to you.

E agora, neste unico e exato segundo, sinto você dormindo numa cama tão macia quanto os braços que me seguraram quando febril estive, da primeira vez que te vi. Devia ser a certeza que me atormenta. Até hoje ela me faz pensar, e penso tanto que perco o folego antes preso.

Maldito orgulho que não te deixa saber o que sinto. E que não me permite definir. E que me impede de sorrir quando escuto certas musicas, de um certo cd que seu carro não pode tocar, no caminho do aeroporto até a casa. Mas músicas essas que tocaram até a exaustão enquanto eu via você colocar o jeans e a camiseta que nunca esqueceria. Que tocaram até a exaustão enquanto eu tirava este mesmo jeans, e esta mesma camiseta, meio bebado, meio incredulo, totalmente excitado. Malditas musicas que hoje se resumem a lembranças. Malditas musicas que não posso mais ouvir.

E tanto se foi, e tanto. Minhas narinas não aguentam mais. Respirar todos os dias o mesmo ar é como sufocar-se em rotina, e de rotineiras já chegam minhas ações e sorrisos. E tanto virá.

Lembro tão bem da luz de um sol não matinal atravessando os espaços de teu corpo de braços abertos enquanto a cortina era aberta. Me lembro tão bem de tuas formas e de tuas texturas. Me lembro tão bem de tua letra em caneta colorida escritas em carta para alguém de tão longe... se não fossem elas, quem sabe eu realmente acreditasse que foi tudo esquizo. Que foi tudo meu. Que foi tudo em vão. Não. Não seria, nem que essas letras tivessem escorrido por linhas e linhas e acabassem no chão que acabei de varrer, por não ter mais no que pensar ou fazer.

Cada vez que respiro dói. Talvez seja hora de segurar a respiração... assim, com as duas mãos...

Me falta, agora, algo para segurar. Soltar as mãos, respirar, pode doer tanto quanto abrir os olhos para enxergar. Esses mesmos olhos, tão verdes que parecem que um dia ainda vão amadurecer... Me dói lembrar ter visto teus braços entre outros, tão não meus.

Paracetamol.

Conheci intimamente teu passado, esperando esquecer. Em vão. Me fez apenas querer um recomeço, por mais débil. E, se essas palavras assim soam, em vão, que assim sejam.
Para mim, e talvez somente para mim, são elas o sentimento contido nestes tantos meses de solidão acompanhada, onde se buscam corpos como aquele, e se buscam timbres como. E se assim, sozinho, leio o que acabo de escrever, é assim, sozinho, que quero que estas palavras sejam tão tuas quanto minhas.

E não, não mesmo. Eu nunca aprendo.

(Táubua de tiro ao alváro, não tem mais onde furar)

quarta-feira, julho 11, 2007

Sem tempo para divagações.



Não sei se é uma pena ou um alívio.

domingo, julho 01, 2007

Faz certo frio, dentro e fora. E levando isso em consideração, já tenho problemas demais. Ele dorme em minha cama, e eu estou aqui. Diferença não há. Saí a pouco para comprar bolachas, me pediram moedas no caminho, ou um gole de coca-cola. Não, eu disse. Não hoje. Hoje eu quero as moedas e goles para mim, ou em mim.
Meus braços doem. Amido demais. Frio exato para banho quente.

Preciso me mudar. Preciso organizar tudo isso. Vai ser melhor assim.
E o grande vazio que resta onde um dia eu estive e tive que ir será preenchido.


Sempre é. Já aprendi. É em mim que os vazios teimam em ficar. Ou será que estou sendo egoísta demais? Talvez.

Mas quem não é?


(agora te peguei!)