sábado, novembro 18, 2006

Uma mulher com um lenço na cabeça, pronto.
O mundo se põe a girar... quantas estrelas será que deixei passar?
Tudo que é relativo passa a dizer respeito a mim, e assim me perco por entre divagações minhas sobre o que nem me diz respeito.
Mas envolve. E sempre me envolvo. E assim segue, amarradas as mãos numa teia que nem cheguei a tocar. Algumas centenas de gotas geladas e o cabelo já não para em pé. Passos apressados pelo caminho conhecido. Pedras na sola do tênis não mais sujo. Agua pra lavar os pecados não cometidos e saciar a sede das palavras não ditas.
E tudo no fim escorre esgoto abaixo. Junta-se aos restos de tudo que um dia foi inteiro.
Se é que integridade ainda resta quando se fala de vida. Se respirar é o que nos faz morrer, sugiro que seguremos o folego sempre que possivel.
E nada de arfar.

Pressa, pressa, peça. Peça calma por favor. Cansei de correr, correr. Quem corre e não sai do lugar é hamster. Sabe? Naquelas rodinhas coloridas em gaiolas de dois andares. E qualquer semelhança talvez não seja mera coincidência.
Saudade destroi. Me lembra do que quero esquecer. E também do que quero lembrar.
Um dia aquela foto, minha preferida, ainda para aqui. Talvez. Mas falta coragem. Ainda bem que covardia nem sempre é defeito, senão eu já teria puxado o gatilho.

Quantas lágrimas seriam derramadas?

E quando essa chuva parar, que estas duvidas desapareçam. Seria tão bom. Mas não. São companhias que fazem bem e mal. Que fazem. Pra que tantos pontos de interrogação. Quero ser ignorante. Será que é dificil? Bem, eu já parei de ver jornais. E novelas também. Assim, na fila do pão, quando comentam que fulano de tal morreu, muitas vezes acho que é na novela. E não é. E vice-versa. No verso.

Queria ter escrito um hai-kai. Escrevi um texto. Exageros a parte, sei exagerar muito bem. E simplificar também. Só falta saber quando um ou outro deve ser feito.
Saber? Pra quê?

Oras, não me interessa mais o que fez, quem fez, e os porquês de ter feito. Nem quem pensou. Nem quem disse. Me interessa o que sei de mim. E é tão pouco que nada tem me interessado. Acho que estou desinteressante.

Sangrei tanto que cheguei a ficar roxo. Agora estou amarelinho novamente. Quem sabe precise de sol, quem sabe.
Por enquanto, a chuva me basta. E toda luz branca que recebo na cara acompanhada de ar condicionado faz o dia parecer mais ameno. Calor pra quê? Humano?
Genética me encanta, sabia? Mas todo mundo enruga-se um dia. O físico é tão efemero.

Talvez seja por isso que o essencial é invisivel aos olhos.
E os cegos talvez sejam bem mais felizes...

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