E chega o outono e ameniza. É essa sua função, ser ameno. Desempenha bem, podemos dizer, a tarefa atribuída, porém, acalma a quem?
Se o coração do menino parece teimar em bombear o sangue para que seus pensamentos recorrentes, insólitos e perdidos nesse passado não tão distante, continuem a existir e preencher com um vazio imenso a vida que ainda tem muito a correr?
Vazio esse, tão impalpável quanto o vazio pode ser, e que ocupa, em momentos calmos como esse, todo o ser que tenta, sem sucesso, se desfazer do que parece estar impregnado nos cabelos, unhas, olhos.
Sinapse coerente, de resultado esperado, não interrompida, inevitável.
Quem dera se, com escova, pano, água e sabão, tudo pudesse ser esfregado e escorresse pacificamente pelo ralo. Sem lutar.
Todas as células contaminadas com tua lembrança iriam para lugar tão distante quanto hoje estamos, e nessa distância, esquecidas, deixariam de viver em outro ser, tal qual parasita.
Hoje, tudo que precisa o menino é que esse vazio deixe de preencher.
A vida é mais do que isso?
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