Há alguns meses não sinto vontade de expressar nada que não para mim mesmo. Deve ser o excesso de palavras que sou obrigado a despejar diariamente, por sim e por não, para que aconteça o que me ocupa tanto. E, se é assim, muita coisa ficou pra trás. Esse, que era um diário não tão diário de lembranças pra qualquer momento a frente, assim, ficou perdido.
Acontece que, hoje, mesmo sabendo que não estou sozinho, há uma solidão insistente. Vontade de te ter aqui, do meu lado, quase que sendo eu, célula a célula em contato, esquentando os pés. Tão perto que poderia machucar, mas não. Simplesmente ocuparia esse vácuo que, na tua ausência, intacto e verdadeiro, me faz escrever.
É estranho escrever sem saber onde quero chegar, mas, de qualquer forma, fica um registro: estou feliz, sentindo falta, esperando os dias passarem, querendo mais.
Talvez, pela primeira vez, isso seja saudável.
Verdadeiro.
Bilateral.
E intenso, como deveria ser.
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