segunda-feira, julho 17, 2006

Acordei de frente a um rosto conhecido, separado do meu por um vale imenso.
Tudo tomou seu rumo.
Em lençóis alheios, sem beijo e sem sexo. Somente palavras. E elas bastam.

Cortei pedaços de mim mesmo, pedaços indolores, pra aplacar a vontade de me ferir em cicatrizes.
Mudança necessária, novo eu no espelho. Um eu mais eu.

Cortei a paciência, joguei na sarjeta o cigarro pela metade.
Meu cigarro queimou por mim. Além de minha febre, ele queimou por mim.

Senti como se me sugassem de meu pescoço. Senti como se escorresse pelo chão.
Vermelho. Engrossando com o tempo.
Senti engrossar, empastar.
Senti coagular-me.
Senti secar.
Senti formar uma mancha.

E por ali fiquei.

Agora, seco. Provavelmente, até amanhã.
Ou até terminar a cerveja.
Ou até salivar. Ou me salivarem.

Ou até sentir...

Ando denso, demais. Metálico. Mecânico. Menos eu.
Quem sabe passe logo. Penso que sim.
Cheio de semanas passadas, anonimamente declaradas.
Pois é. E são elas, hoje, que me fazem esperar pelas semanas que vem.


"avant ou après la metamorphose?"

2 comentários:

Anônimo disse...

Hummm... Eu adoro escrever, mas definitivamente, vc escreve melhor que eu. Acho que é melhor eu ficar com minhas crônicas, meus textos jornalísticos e minha coluna semanal (sim, eu escrevo para um Jornal, e já fui repórter. Ainda farei jornalismo).

Vc não respondeu à minha confissão, mas não estou cobrando nada. Apenas contei pq me deu vontade. Pq eu sou doido, como já me disseram. Ainda que hoje eu não sei o que significa aquele passado, mas de qualquer forma, espero que vc naum se importe de sermos amigos. Gosto de ler o que você escreve.

É isso ae.
:)

Debra. disse...

e eu já senti tudo isso, um dia. a diferença é que, quando sequei, já não me importavam nem as semanas passadas nem as que vêm.

e agora eu tento mergulhar, e fundo. na apnéia.