Tem dias em que acordamos e temos várias coisas para fazer. As vezes coisas que não queríamos, e mesmo assim somos obrigados. Mas isso é tão comum.
Apaguei um trecho da minha história das paredes. Tudo que sobrou foi tinta e cheiro de alcool. Todas as palavras dissolvidas pelo solvente orgânico. Líquido contra sólido, sólido no líquido e fim.
Toda a poesia de um dia num pano manchado. E um banheiro limpo, com paredes esterilizadas.
E uma casa perdendo a poesia, e outra casa ganhando mais palavras, música e imagens. Eternos ou não.
Da mesma maneira que constrói, destrói, e tem-se um ciclo. Quase perfeito.
E todos aqueles pedaços que guardamos, sujos ou limpos, temos que reorganizar. Jogar fora, manter, tornar nossos ou de alguém, fazer.
E assim se fazem dias, meses, dois anos.
E assim se fazem textos, poemas e canções. De pedaços perdidos costurados pela linha que determinamos. Uma colcha de retalhos que pode ou não fazer sentido, dependendo de quem a vê... ou de quem ela aquece.
Compare teus dias com isso, entenda o que quero dizer, e me diga: não te incomoda quando tua beleza entra em conflito com a beleza de outros? Não! Não estética. Não. Mas sim a beleza.
Não a simples beleza que se toca com os dedos. Mas aquela que se sente.
Dias sem palavras de conforto, a não ser as de sempre.
Sabe do que falo? Espero que sim.
Que som? Aquele de acordar. Aquele que fazem as palpebras ao piscar. Esse, esse mesmo.
O som do abraço. Aquele que me faz dormir aconchegado.
O som do corpo, quando cai. Som que suponho.
Está na hora de colorir os sonhos em outra vizinhança.
Me empresta tuas cores, das minhas já cansei.
3 comentários:
"essa mulher", mas que desdém com a Beauvoir ahahaha
Nhoc, não gosto de ver posts seus assim. Se for te animar, já vou logo te alertando pra guardar dinheiro e ficar em dia com o cartão de crédito, São Paulo vai bombar nos próximos meses. YYYs, Goldgfrapp, Ladytron, Chicks on Speed, Patti Smith, Bloc Party,New Order, Devendra Banhardt e outras coisinhas mais.
Quer que eu reserve seu quarto? hehehehe :******
eu vejo beleza no conflito. mas talvez seja uma daquelas manias das quais preciso me livrar.
ando sendo aquecida e protegida por mais ou menos que palavras - e não por elas. há algo de novo aqui; mas insuficiente para me fazer parar de querer outra vizinhança.
a diferença é que eu posso querer levar essa colcha junto de mim.
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