segunda-feira, janeiro 01, 2007

Restos mortais do humano vivo.

Doloroso é ver que segue com meus pedaços a tiracolo. Sim, coisas minhas, tão minhas, que nem sei. Livros, palavras, frases, cores minhas. E só minhas. Cheiros. E nada deixaste pra me completar. Leva nacos, pedaços, que deixa vazios em mim?
Te importaria se eu arrancasse fios do teu cabelo? Poucos, pra completar o espaço vazio.
Acho que não.
Se bem que... ah, deixa pra lá. Cicatriza. E gosto de cicatrizes.

E tudo derrete, nossa. Tudo desce pelo ralo. Ah, veja só, um pedaço teu... uma unha?
Pelo ralo... droga. Era minha chance. Deixa pra lá.
Acho que posso seguir sozinho.

Se eu soubesse da falta que faria, teria guardado o sangue que escovei cuidadosamente dos ladrilhos. Talvez o esperma do lençol, ou até as gotas de saliva no travesseiro. Mas sabe, não tenho o costume de guardar fluidos... absorve-los...

Prefiro ignorar por conhecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Carrego teus pedaços a tiracolo. Pior que isso, é acompanhar suas palavras, carregar os fardos que são seus.
Ela voltou. (Ah, sim. Esqueci de dizer que era 'ela')
Voltou pra falar sobre o texto lido, mesmo que meio atrasada. Voltou para desejar um ano novo cheio de novas emoções, boas ou ruins porque você não pode parar de escrever nunca.
A absorção deve ser feita somente pelas cicatrizes, nunca pelo consciente. A primeira absorve para fazer o antídoto, o segundo não deve absorver porque o que não é absorvido é esquecido.
Não ignore, sinta. E não se esqueça nunca de deixar os restos mortais de lado, e construir um humano novo, verdadeiramente vivo.

Um abraço petit prince. Enquanto não descubro um pseudônimo, continuo sendo anônimA.