Sem nem saber onde pisaria, tirou os tênis. Como se a diferença fosse grande, já que a sola quase não existe mais naquele par. Primeiro o chão gelado, gelado demais... quase molhado, sentia. Depois, seco, morno... E sem se importar com a dor, segue descalço, repetindo os mesmos erros. Assim, sem proteção alguma, pisando em ovos. E em cacos.
E alguns filetes finos de sangue começam a marcar as pegadas. Seriam uteis para identificar o caminho em caso de retorno, mas não. Ele não pretende voltar. E cada vez mais faminto, anda rápido. E os finos filetes se tornam marcas tão grandes que é impossível não lembrar de por onde se veio.
Cansaço, inchaço... a tolerância acaba quando todo o resto já tinha se ido. E a paciência nunca existira a ponto de sobrepor a vontade.
E assim, só assim, toma atitudes que devem ser tomadas em momentos como esse... talvez tarde, mas coerente.
E o sangue? E os tenis? Nada importa. O que importa é o caminho.
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