Existe algo por detrás de um olhar. Certamente que sim. Algo além de um simples alguém, pois se os dedos, carne, músculo, nervo e ossos conseguem pintar uma paisagem inteira em impressionismo verbal, certo que há algo mais que um simples alguém. E de onde vem as impressões pintadas sem tintas nesta tela, senão do convivio diário com um mundo que não é seu?
E aquelas ruas comuns, de centros históricos, cheias de vielas com gritos abafados e baratas com asas abertas tornam-se ruas onde as pedras carregam histórias, e as fachadas das casas vividas pintadas em cores tão vivas quanto as de uma asa de borboleta revelam que o tempo talvez não passe, ou passe demais, e o mascaremos em falsas tintas e falsas peças... as arvores da praça, podadas pelos fios podem ser vistas então como as arvores do verde mais verde, cercadas de cinza e cores tristes e solitárias, pois nelas os pássaros cantam, descansam... pois elas, sim, só elas fornecem sombra fresca no calor de um verão como este. E sob elas, então, homens descansam embalados pelo cantar dos pássaros.
Esses homens, tão solitários. Que ninguém diga que vive em plenitude num mundo onde tudo falta. E tudo fala. E quase nada se escuta.
"Ele acorda, lava o rosto reclamando do calor. Veste-se desajeitadamente, sabe que leva tempo para acordar, vivenciar o mundo de um novo dia... e abrindo definitivamente os olhos, começa a pintar..."
3 comentários:
é o bendido melodrama vital maldito. a natureza é sábia, o humano um engano!
você é doce, Ricardo! gosto muito!
bendito*
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