É sempre um ciclo, ele disse a si mesmo antes de continuar a lamentar em silêncio o que não acontece. E, esperará mais, assim. Esperará na inércia da impotência do agora. Esperará entre guitarras distorcidas, línguas que se torcem e olhos que se fecham. Esperará entre corpos que se entrelaçam e mãos que se distanciam. Mais um momento vai esperar pelo segundo mais longo. Aquele segundo onde a tensão é quebrada, onde os olhos se olham, onde a verdade não dói e onde o corpo é apenas extensão do outro.
Mais um segundo vai esperar pelo momento mais longo, aquele momento onde nada satisfaz, onde os olhos se perdem, onde a consciencia, esvaida copo abaixo, engolida, volta a tona, faz sentir.
Mas, se nessa espera nada acontece, e a consciencia permanece obtusa, escorregadia talvez, se nessa espera a consciencia se faz ausente, tangencial, nada pode fazer.
Melhor assim, sem sentir.
Pois o tempo passa, e são tantas, tantas vontades.
Mais que palavras.
"Lave
A minha memória suja neste rio de lama,
A extremidade da tua língua me limpa por toda parte,
E não deixa mais o mínimo vestígio
Daquilo que
Me prende e que me cansa.
Infelizmente!
Cace,
Persiga-o em mim, é apenas em mim que ele vive,
E quando o tiver na extremidade do teu fuzil,
Não ouça se ele te implorar,
Você sabe
Que ele deve morrer de uma segunda morte
Então,
Acaba com ele... outra vez.
Chore!
Eu tenho feito isso antes de você e não adiantou nada,
Quão bom é os soluços (de choro) inundarem as almofadas?
Eu tentei, eu tentei
Mas tenho
O coração seco e os olhos inchados
Mas tenho
O coração seco e os olhos inchados
Então queime!
Queima no momento em que se envolve na minha grande cama de gelo
A minha cama como uma banquisa que derrete quando você me entrelaça
E mais nada é triste
E mais nada é grave
Se tenho...
O teu corpo como uma torrente de lava
A minha memória suja neste rio de lama
Lave!
Lave!
A minha memória suja neste rio de lama
Lave!"
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