domingo, abril 18, 2010

Quando digo que aqui já houve amor, digo a verdade. Houve um tempo onde era possível ver vertendo sangue e saliva por entre cada batimento. Era vivo e intenso, como cada palavra que saía da boca para afirmar, entre cada suspiro, respiro, que existia algo entre dois. Era tão vivo que sua morte demora a ser percebida.
Por entre fotos velhas, de primeiras e ultimas noites, hábito nunca antes tido, essa vida volta a existir, entre aperto e arrepios. E o frio faz falta para que se possa enganar, dizer a si mesmo que é calafrio, e não vazio.E, se natimorto era, pois sim, não havia grande expectativa, apesar da tolice, viveu demais sua morte antecipada. Sentimento rude, enganou a circunstância e a razão. Razão agarrada com unhas, dentes, e que esvaiu na mordida. Esvaiu na mordida dada no peito, intensa e verdadeira como o sentimento, que, por morto ser, nada sentia.
E se essa morte insiste em ser vida desde que, no absurdo do momento, as palavras serviram para abafar o barulho, e foram engolidas no encontro. Esquecidas. Mastigadas e digeridas. E o que faz falta desde então é aquele sentimento de completude, a ausência do vazio.
Principalmente em domingos como esse.

Um comentário:

Rosângela Beatriz Pereira Dias disse...

Perfeito...

Um forte abraço.

Rose Dias