Ele aparece. Impávido, e me lembro tanto de mim quando o vejo. Da imagem que tenho de mim mesmo, transmitida pelos outros. Deve ser esse ar de leve arrogância, quase que como se nada importasse, nem mesmo a vida. E nessas semelhanças acredito que podemos ser um. Partes separadas, por engano. Por erro.
E na sequencia de coincidencias, da fala e do gesto, nessa meia luz gelada, tudo parece aquecer-se no pensamento insólito de que, se assim for, estamos premeditados a permanecer juntos.
E nesse interim, fração de segundo, uma vida acontece. Perante meus olhos, perante meus sonhos, somos dois, mas um, juntos. Vivendo sorrisos, lembrando de quando dormimos em duas camas, juntas, para que tivessemos mais espaço para encontrarmos um ao outro. Lembrando da luz que entrava pelas frestas no domingo a tarde, quando teimavamos em ficar na cama. Sem comer, só dormir.
Mas, antes dos olhos abrirem novamente, tudo volta. Rápido, como um soco no estomago, tudo se revolta e se esvai.
E os olhos já abertos percebem a parede descascada, o chão de madeira, o teto baixo. Já é possível sentir o cheiro de casa nova, mas não recém construída.
E ele continha onde estava, parado, alto, mais alto do que eu, fumando seu cigarro sem compromisso com ninguém a não ser ele mesmo. E, nesse vislumbre, percebi que o erro foi esse. Acreditar que ele podia ser dois.
quinta-feira, julho 15, 2010
terça-feira, julho 13, 2010
Perdendo o controle sobre o sentir. Sentir-se bem e mal, tão tênue. É como esvaziar-se. Esquecer.
E, se, por acidente, vejo as fotos me lembro de quanto tempo faz sem ter o sol assim, aquecendo não só a mim.
E o silêncio se desfez, caíram as notas e ecoaram por todas as paredes. Perfuraram tímpanos, e quem dera, quem dera, fosse minha voz.
Som oco, de batida consecutiva, compassada, que se perde no ritmo e encontra o caos.
E o silêncio cai. E tudo é tão quieto, assusta.
É tão íntimo estar sozinho em silêncio, não gosto de encontrar a mim mesmo, assim, inesperadamente.
Não sei agir. Não sei retribuir afeto. Não sei retribuir amor próprio. E tudo acaba na calmaria do sentimento afogado.
Eu li, eu sei, eu lembrei.
Nunca esqueci. Nunca soube como ignorar. Nada, até então.
Ter consciência.
Ter paciência.
Ter força.
Não escorrer, não derramar, não deixar passar, não ver e não escutar.
Não sentir, não bater, não pulsar, não viver.
Não é a saída. Não é o caminho, não é o que devia ser.
Não é o que eu esperava.
Me disseram, uma vez: "a fórmula da felicidade é: expectativa - realidade".
Não para mim.
"Expectativa = realidade", sim. Mais adequado. Mais satisfatório.
Mais um.
E, se, por acidente, vejo as fotos me lembro de quanto tempo faz sem ter o sol assim, aquecendo não só a mim.
E o silêncio se desfez, caíram as notas e ecoaram por todas as paredes. Perfuraram tímpanos, e quem dera, quem dera, fosse minha voz.
Som oco, de batida consecutiva, compassada, que se perde no ritmo e encontra o caos.
E o silêncio cai. E tudo é tão quieto, assusta.
É tão íntimo estar sozinho em silêncio, não gosto de encontrar a mim mesmo, assim, inesperadamente.
Não sei agir. Não sei retribuir afeto. Não sei retribuir amor próprio. E tudo acaba na calmaria do sentimento afogado.
Eu li, eu sei, eu lembrei.
Nunca esqueci. Nunca soube como ignorar. Nada, até então.
Ter consciência.
Ter paciência.
Ter força.
Não escorrer, não derramar, não deixar passar, não ver e não escutar.
Não sentir, não bater, não pulsar, não viver.
Não é a saída. Não é o caminho, não é o que devia ser.
Não é o que eu esperava.
Me disseram, uma vez: "a fórmula da felicidade é: expectativa - realidade".
Não para mim.
"Expectativa = realidade", sim. Mais adequado. Mais satisfatório.
Mais um.
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