domingo, agosto 20, 2006

Perfurando tímpanos, ele segue falando. Consegue verdadeiramente não se importar? Creio que não, mas assim ele segue.
Com sujeira por debaixo das unhas, e algumas palavras sujas entaladas na garganta, segue com lágrimas molhando o rosto, e lágrimas diluindo o sangue.
Salgado.
Sorve o chá, para acalmar-se. Doce, nauseante. Doce, como sempre fora. Doce até demais, demais para ser engolido.
Acalma-te, acalma-se. E somente assim pode ler em voz alta os pensamentos. Quanta coisa se pode pensar em apenas segundos, decisivos e seguros, correndo no relógio enquanto corremos contra eles, contra o tempo. Quantas palavras cabem num segundo?
E quantos segundos cabem nas minhas palavras? Essas, que já deixaram de existir faz três letras...

Enquanto puder ler o que penso, penso que estou vivo.
E enquanto você puder saber o que quero, penso que se importa.

E enquanto isso, tudo acontece por aqui.
E por aí, tudo é pensamento. Fluido, leve, leve, leve...

Leve contigo as palavras que pensei e nunca disse. Eu sempre soube.
Assim como você.
Agora, escorro, e corro escada abaixo. E escada acima subo. E arremesso a chave pela sacada.


Preso para fora, como o ar que expiro, inspiro.

Um comentário:

Debra. disse...

AH.

(esse tá no top 3)