Acorda e se dá conta que está sozinho, olha para todos os lados e tudo que resta são roupas no chão.
Todos os dias, há alguns meses, lembra de como era quando tinha companhia, quando a cama esquentava mais rápido. Nos últimos dias frios do ano, tem bebido as taças de vinho sozinho.
Reclama? Não, não demais. Entende. E deixa passar.
Mas todos os pedaços avulsos que sobraram fazem doer. Tudo tão certo, tão vago.
E como saber? Queria poder viar por pulsos e entrar por dentro das orelhas, entender as sinapses.
Apaixonados são inseguros. Depois que tudo se assenta, e a vida deixa de ter aquelas cores que o coração pinta, sobra apenas a solidão que dói e faz pensar.
Cansar de pensar é algo tão comum.
Raro é saber lidar.
Espera que seja assim.
Cada vez que pára, sentado nessa cadeira, respirando o ar reciclado, tenta escrever algo que realmente diga algo sobre aquilo tudo que sente.
Mas como? Nem mesmo sabe o nome do que sente, nem mesmo sabe o que sente.
E descrever substantivos abstratos é tarefa de grandes escritores.
Ele sabe, é apenas amador. Mas sente que faz bem.
Ver as letras ordenando-se na tela, assim como os movimentos se ordenam na hora certa e no momento certo é um alívio.
Quando a pele sente-se confortável mesmo após vários minutos de mãos dadas, e quando a respiração faz o coração acalmar? Somente nestes momentos tem consciência do que sente.
E precisa dessa consciência para guiar os passos.
Quem sabe devesse ter ficado no século dezenove, toda essa balela.
Quem sabe.
Um comentário:
século dezenove?
hum hum
como diria Alguém:
forever end ever!
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