terça-feira, setembro 19, 2006

Tempestade

Cada vez que olho pra trás e me pego pensando no que tenho dito e feito percebo que não sei mais quem sou.
Nem do que sou capaz.
E a língua bate nos dentes quando os cerro pra não falar o que não deve ser dito.
E percebo que vivo acariciando meus próprios cabelos, e que nem vejo mais a arte nos muros da escadaria que todo dia subo e desço, desço e subo.
Nem lembro quantos degraus são.

Penso em tanta coisa mais distante, tanta coisa... Nem sei se tem me valido a pena pensar.
Pensar demais.

E minha mão insistentemente bate e bate e bate na cintura, naquele osso característico dos magrelos. E todos os tiques eu começo a enxergar.
Falando calmamente consigo me ouvir.
Acomodado, talvez. Esperando um pouco de calma.
Dizem, que depois da tempestade, ela chega.

E que chegue. Daí sim volto a agir, pensando menos.
Quando tiver chão sob os pés, me dou asas.

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