Todos os dias tinha os mesmos ritos: acordar, lavar o rosto, cigarro, café.
Todos os dias olhava pela janela e tentava sentir o tempo... sem sucesso. Sem guarda-chuva.
Todos os dias pensava o quão longe estava. E o quão perto se sentia.
Todos os dias, a mesma pessoa.
Expectativas, sempre. Como esperava! Aprendera a ser paciente, e nunca mais esquecera.
Tão dificil era, e tão doloroso. E submeter-se a tal nunca fora facil.
Mas, de que adiantava? Nunca soube.
Do que sabia, se sempre se surpreendia? Ora, nada. Como qualquer um.
Sabe não é próprio dos humanos.
São tão poucos que sabem algo. Principalmente de si próprios.
Os olhos um dia se abrem. E os dias passam.
E ser criança não é mais datado. É passageiro.
Arrependimentos, poucos tinha.
Culpas, algumas.
Desculpas, milhares.
Orgulhos, poucos.
Vidas, só uma.
Ou duas, talvez. Dependendo de quem avaliava.
Errado.
Acordar uma pessoa diferente por causa de uma data é irreal.
Surreal. Doce ilusão.
Tudo continua igual. Nada é perfeito, mesmo que por pouco.
E ainda se espera.
Sentado.
Deitado.
São apenas números. Sem sentido. Como os do relógio.
São apenas minutos, horas, meses e anos.
Apenas tempo. E quem sabe sobre o tempo?
Pior que perder-se no espaço é perder-se no tempo.
De si mesmo.
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