sábado, janeiro 20, 2007

Lençol listrado bem colorido por cima de um outro lençol roxo. Corpos meio vestidos deitados como se tivesses exaurido toda a energia captada. E placa com a seta de entrada para o lado oposto da porta, logo depois da escada.
Um céu azul depois de uma manhã onde o mundo ameaçava desabar em água sobre as cabeças de todos que andavam desavisados. Um dia quente apesar da expectativa do frio.
As lixeiras na rua cheias, realmente cheias e atraindo as baratas que nunca estiveram tão presentes.
As árvores da praça também parecem reclamar do excesso de sol. Molho o chão com um pouco de minha água salgada, que teima em escorrer pela testa, pelas faces. Mas nem vejo a gota molhar antes do chão parece que some.
Apressar os passos é dificil. Sinaleira vermelha e amarela e verde que fica no verde por 60segundos, como indica o sinal luminoso. Tempo suficiente para a senhora ao meu lado passar, e mais que suficiente para mim.
Outra barata.
O supermercado com fluxo interminavel de pessoas comprando seus cadaveres para o churrasco de domingo, e talvez uma ou outra cerveja. Cachorros levando os donos para passear, e fazendo suas necessidades apenas onde e quando querem.
Alguns olhares.
Descendo a rua já movimentada encontro o mar do dia. Bem azul, apesar da pouca luz natural.
Sinos tocado. Onde? Não sei. Mas tocam. E escuto, e todos escutam na parada de onibus, apesar de estarem mais preocupados com o que iam comer para encher o estomago depois das horas de sono. Assim como eu.
Quando sento parece que finalmente meu dia começa. Todos os pensamentos que tinham sido interrompidos voltam a circular e fazer com que tudo pareça estranho e parcial.


Estranho e parcial. Cansei dessa sensação de estranho e parcial.

Um comentário:

Anônimo disse...

hahah! Que angústia a de ver que o suor pouco molha o chão!
Adorei essa imagem e, mais ainda, adorei pensar sobre ela.

abs!

ps: Quero lençóis iguais aos teus.