segunda-feira, abril 09, 2007

Esta noite tive calafrios. Quente por dentro, frio por fora. E mais dentro, mais fundo, frio. Gélido. Os primeiros ventos de outono se aproximam e tomam conta do intimo, do amago. E tudo reflete na primeira poça que congela. Nunca se consegue fugir do que se é. Há um limite no ser. Diferentemente dos limites do estar, ser tem barreiras. Ser é inevitável. Ser um só.
No meu caso, sou inverno, fim de outono. Sou folha que cai. Estalo. Flutuo, porém caio. Inevitável, eu sei. Inevitável, eu diria.
Inevitável como minhas frases simples. Queria mais pretensão... mas sabe, talvez não!
Há possibilidades infinitas dentro de ser. Há limites estabelecidos. Sei que queria ser um, mesmo quando dois. E encontrar metades é dificil. Existem? Aritmeticamente, sim. No meu caso, talvez, eu procure fora do conjunto dos numeros reais... porque sei onde posso encontrar. Não é? Acho que sem saber cansei do perene, cansei do inteiro, cansei do seguro, cansei do vivido, cansei. Quem sabe a fumaça torne mais interessante, a falta de foco, o desfazer da imagem. Quem sabe curiosidade mova meus passos, ao inves de motivação...
Quem sabe eu apenas seja jovem demais para saber. Ou velho demais para entender...

Talvez, até já saiba. E quem pode dizer? Cada palavra escrita ou impressa pode ser de outro alguém. Já li tantos textos que nem sei, e aqui reproduzo cada um deles por meio do que sei. Ou do que ignoro.
E ignorantes muitas vezes são mais felizes mesmo... eles não conseguem sentir arrepios ao ver crianças correndo sem saber porque, ou velhos conversando nas calçadas, acompanhados de enfermeiras (sendo sincero, me enternecem essas imagens... sou amante da juventude, já sabemos, mas são as crianças e velhos que me fazem ver o que há dentro). E não, não nego, sou ignorante muitas vezes... mas esses arrepios me fazem sentir como se soubesse.

E, quando essa febre passar, vou me sentir menos vivo.


(ou mais frio)

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