E então você pára. Semi-cerrados os olhos devido ao sol, luz estourada.
Penso: quem dera pudesse mergulhar, mergulhar e esquecer de respirar. Volto, e sinto uma implosão no peito, tal a angustia.
Esse é meu medo: nada é para sempre. Fome de momentos sem fim. Melancolia perene de perda. Esse é meu medo. De que estes olhos estejam fechados e eu não possa mergulhar. De que meus olhos estejam fechados e eu não possa ver...
Penso: os olhos abertos talvez eu possa manter. Mas e o momento, milésimo ou enésimo de segundo que faz a vida assim, o momento esperado ou repugnado, o momento, por si só, assim, acaba?
Você dá alguns passos, a frente. Balança as mãos, mexe os dedos, tocando uns nos outros. Pedras estalam na sola do tênis. A luz reflete nas lentes do óculos, e esse momento é só você.
Penso: faço parte eu, do mundo, quando o momento é inexistente a mim? Percebo este momento, mas de fora. Me excluo. Só sinto. E este momento não é perene.
Falo, e não escuto.
Você pára, amarra os cadarços. Não estou ali para ver, tampouco ser visto. E assim, tudo acaba como começou: em um segundo.
Penso: todos os momentos podem ser comparados a uma música que você acabou de ouvir. No mesmo instante que inicia, acaba. Cada nota percorre a distância necessária e se dissipa, ressoa, ecoa. E acaba. E pode-se ouvir essa mesma música milhares de vezes, e nunca será como a primeira. Memória.
Um comentário:
Rick..que saudades de vc seu praga!
adorei esse texto!
=P
aparece aki me visitar
beeeijos!!
ferlusa!!
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